CUIABÁ (MT) — A vereadora Edna Sampaio (PT) afirmou nesta quinta-feira, 6, que está sendo vítima de “linchamento moral” por parlamentares da Câmara Municipal de Cuiabá. Edna Sampaio teve o mandato cassado, nesta quinta-feira, pela segunda vez, acusada de um esquema de “rachadinha” no seu gabinete. Ela já havia sido cassada pelos colegas no ano passado, mas a decisão foi revertida após a vereadora entrar com recurso na Justiça.
Dos 25 vereadores da Casa, 19 votaram para cassar o mandato de Edna, apenas um voto contra do vereador Renivaldo Nascimento (PSDB) e houve cinco ausências. A acusação é que a parlamentar teria praticado rachadinha com a verba indenizatória da ex-chefe de gabinete dela.
Durante a sessão na Câmara, nem Edna, nem o advogado de defesa estiveram presentes. Assim, eles deixaram de usar o tempo de duas horas de sustentação oral para defesa das acusações. Na primeira vez que foi cassada, a vereadora também não compareceu à sessão do Legislativo Municipal. Após entrar com recurso no Judiciário, ela teve o mandato de volta após a Justiça entender que a Câmara não respeitou o trâmite de defesa da vereadora.
A vereadora postou um vídeo nas redes sociais acusando o parlamento de não cumprir o rito processual. Edna Sampaio disse que não estava na sessão por considerar o processo “viciado”, tanto, que o presidente da Câmara teria maior parte do tempo para justificar os trâmites afirmando que era “legal”.
A verdade é que a Câmara se recusa a fazer o devido processo legal para me processar e se recusa a dar no tempo do rito legal, o tempo para minha defesa. Eu não vou colaborar, enquanto acusada de um crime que eu não cometi, de um absurdo de rachadinha, de que os que estão me acusando, são os mesmos que apoiam a rachadinha do presidente Bolsonaro,” afirmou a vereadora.
A vereadora disse que os vereadores usaram como estratégia, convocar a parlamentar em um período em que ela estava afastada mas o processo continuou, mesmo a defesa tendo informado o afastamento. “Por que o objetivo não é proporcionar a minha defesa, o objetivo é causar um linchamento moral que vem acontecendo desde o ano passado”, afirmou.
Entre as provas apresentadas pela comissão, que emitiu o parecer favorável a cassação, estão prints de conversas no WhatsApp, que foram vazados, dela com a ex-chefe de gabinete Laura Natasha e mostram uma suposta rachadinha de valores de Verbas Indenizatórias. Conforme as conversas, a parlamentar teria recebido pelo menos R$ 20 mil em transferências feitas por Laura, no ano passado. A então chefe de gabinete foi exonerada, quando estava grávida.
Por nota, a vereadora negou as acusações, disse que não há a provas que comprovassem as acusações e afirmou sofrer perseguição política. “A Câmara Municipal sob a presidência de Chico 2000 envergonha o povo cuiabano pela incompetência, pelo desvio de finalidade, pela falta de transparência e pela ação persecutória contra a primeira mulher negra vereadora. Mulher decente, honesta, mãe de família e cuiabana com muito orgulho!”, diz trecho.
O Diretório Municipal do PT em Cuiabá prestou apoio à vereadora. “Continuaremos ao lado de Edna em busca da justiça e em todas as esferas de sua luta política”, disse em nota.
Primeira cassação
Edna Sampaio já tinha sido cassada em outubro do ano passado sob a mesma acusação de rachadinha. Foram 20 votos a favor da cassação e 5 ausências. A vereadora também não tinha comparecido na sessão.
A parlamentar conseguiu anular a primeira cassação ao alegar que a comissão responsável pelo caso tinha quebrado trâmites do processo ético disciplinar contra ela. Assim, pode retornar ao cargo em novembro do ano passado.